Abaíra, na Chapada Diamantina, é a cidade da Bahia com o maior número de idosos, conforme o censo do IBGE de 2022. Com 7,3 mil habitantes, 1,9 mil deles têm 60 anos ou mais, representando 26% da população, um aumento em relação a 15% em 2000.
Conhecida nacionalmente pela produção de cachaça, o município também destaca-se pelo seu elevado índice de envelhecimento, com 137 idosos para cada 100 crianças e adolescentes de até 14 anos. As informações foram divulgadas no Dia Nacional da Pessoa Idosa.
Segundo Mariana Viveiros, do IBGE, não há uma explicação clara para o envelhecimento da população em Abaíra. Embora não tenha havido pesquisas específicas sobre o município, algumas possíveis explicações gerais incluem:
fatores genéticos;
acesso à saúde (o que contribuiu para prevenção de e combate a doenças);
fatores comportamentais (como hábitos mais saudáveis ao longo da vida);
condições gerais de vida.
Ainda conforme Mariana, outro fator demográfico pode contribuir para a cidade ser a mais idosa da Bahia: a migração de pessoas mais jovens para cidades maiores, na maioria das vezes em busca de melhores oportunidades de trabalho e estudo.
“Esse “’êxodo’ jovem acaba tendo duas potenciais consequências: faz com que as pessoas mais velhas (que ficaram na cidade) ganhem representatividade e participação no total de habitantes e contribui para uma diminuição na fecundidade”, detalhou.
Uma prova de como esse êxodo afeta a população está justamente no número de nascimentos. Entre 2003 e 2022, o número de crianças nascidas por ano caiu quase pela metade, passando de 118 para 62.
Cidade da cachaça
Embora não se saiba ao certo o motivo pelo qual Abaíra é a cidade mais idosa da Bahia, um fato é claro: a produção de aguardente é valorizada pela população. Rafael Moreira Rocha, engenheiro agrônomo da Coopama, que reúne produtores locais, afirma que o êxodo e a diminuição de jovens não impactam a fabricação da bebida, que continua ativa e em crescimento.
“Quem fica, dá continuidade a tradição dos avós, bisavós e pais. Essa produção tem mais de 200 anos e na cooperativa tem gente com mais de 80 anos de idade”, contou.
Desde sua criação, a cachaça da cooperativa recebeu diversos prêmios. O último deles foi na Expocachaça de 2020, premiação considerada a vitrine mundial da cadeia produtiva e de valor da cachaça. No evento, bebidas ganharam as medalhas de ouro e prata nas categorias “cachaças brancas” e “madeiras estrangeiras”, respectivamente.
Para Rafael, a cachaça premiada é motivo de orgulho para abairenses de todas as idades. Anualmente, são produzidas cerca de 57 mil garrafas por ano, que são vendidas principalmente para Salvador e cidades da região da Chapada Diamantina, como Seabra e Mucugê.
Com informações do G1.
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