Suspeito de estuprar, gravar, chantagear e mostrar filmagens do crime à mãe da vítima, um homem identificado como Edilberto Henrique Fortes foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal, na última quarta-feira (3/4).
De acordo com a investigação, o crime ocorreu em fevereiro deste ano na cidade do Núcleo Bandeirante, no DF. Ele chegou a ser preso no dia 19 do mesmo mês, mas por injúria racial contra duas mulheres, e foi solto dois dias depois.
As investigações descobriram que o autor, morador de Uberlândia, em Minas Gerais, elaborou um “meticuloso plano para concretizar” a barbárie. Ele era conhecido nas redes sociais por estimular o ódio e deprezo por mulheres, chegando a afirmar que 99% seriam “exterminadas” e “48% são impuras e não servem nem para uma conversa aleatória”.
O CRIME
Conforme consta em documento da Polícia Civil, no dia 13 de fevereiro deste ano, Henrique convidou a vítima para jantar, buscando-a em sua residência. Na ocasião, estava acompanhado por uma “adolescente que foi apresentada como sendo sua funcionária”.
Alegando a necessidade de deixá-la no hotel onde estavam hospedados, persuadiu a vítima a acompanhá-lo. Lá, ela foi agredida, despida, violentada e filmada, e tudo isso teria acontecido na presença da adolescente.
No dia 26 do mesmo mês, o homem teria se aproximado da genitora, apresentando-se como “namorado” da filha. Ao obter seu número de telefone, passou a lhe enviar as gravações do estupro.
Diante do ocorrido e da somatória dos rimes graves, no dia 28 de março, foi deflagrada a “Operação Predador”, em Uberlândia, para prender o responsável pelo crime. “Diante dos crimes praticados, o autor pode pegar pena de até 20 anos de reclusão”, consta o relatado pelo delegado responsável.
A jornalista Ana Lídia Araújo, do SBT Brasília, dá mais detalhes do caso:
COMPORTAMENTO ‘REDPILADO’
Nas redes sociais, Henrique Fortes demonstrava um comportamento típico de comunidades masculinas como Redpill, Incel (aglutinação das palavras inglesas involuntary celibates, ou “celibatários involuntários”) e MGTOW (sigla para a expressão em inglês “Men Going their Own Way”, ou “homens seguindo seu próprio caminho”), que pregam superioridade e ódio às mulheres na internet.
O termo “redpill” é uma referência direta ao filme “Matrix” (1999, Lana e Lilly Wachowski), onde o personagem de Keanu Reeves, Neo, precisa escolher entre uma pílula vermelha (em inglês, red pill), que o dará consciência da verdade do mundo, ou outra azul, onde permaneceria em uma ilusão.
Em grupos espalhados pelo mundo digital, essa ideia serve como justificativa para o discurso de que mulheres são vilãs, ou como diz o acusado “cobras interesseiras”, onde esses homens, munidos com falas machistas e incentivadores de ódio e violência, seriam “sábios” e revelariam a “verdade”.
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