Na sexta-feira (16/2), o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde contabilizava 555 mil casos prováveis de dengue no país e 94 óbitos. O número indica que as seis primeiras semanas epidemiológicas superaram em 330% o mesmo quadro de 2023 (com 129 mil casos).
Desde 2014, o Brasil adota a classificação dos casos sugerida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2009, após uma revisão dos dados. Com isso, os casos da doença passam a ser classificados como: febre da dengue ou dengue clássica; dengue com sinais de alarme; e dengue grave, conhecida popularmente como dengue hemorrágica.
De acordo com o Ministério da Saúde, qualquer pessoa com febre entre 39 °C e 40 °C e pelo menos duas das seguintes manifestações deve procurar assistência médica imediatamente: dor de cabeça, fadiga, dores musculares, articulares, nos olhos e manchas vermelhas na pele.
Entram como casos suspeitos de dengue clássica qualquer “pessoa que viva ou tenha viajado nos últimos 14 dias para área onde esteja ocorrendo transmissão de dengue e apresenta febre, usualmente entre 2 e 7 dias” e dois ou mais sintomas, segundo norma de classificação da dengue do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Para um quadro ser entendido como “com sinais de alarme”, o paciente precisa apresentar um ou dois sintomas específicos no período de defervescência (quando a febre começa a baixar).
Na classificação conhecida como “dengue hemorrágica”, os sinais de perigo são observados também após a janela de febre. Os sangramentos, que podem ser observados em excreções (vômito e fezes) e mucosas no geral (inclusive no útero, descartado o ciclo menstrual), tornam-se mais evidentes. Inclusive, intensificando as conhecidas bolinhas sob a pele – denominadas petéquias. Elas são um sinal dermatológico de hemorragia.
Em um grau maior de infecção viral aguda, a dengue é capaz de causar um “comprometimento grave de órgãos”, explica o material da UFF. Como dano hepático (no fígado), alteração de consciência, por interferência no sistema nervoso central, e miocardite (inflamação no coração).
Como principal causa de morte, a doença agravada pode provocar um “choque” devido ao extravasamento grave de plasma. É o chamado por especialistas de “sangramento branco”, sem a presença de hemácias. O quadro pode ocasionar a queda de pressão arterial; consequentemente, o choque hipovolêmico (níveis muito baixos da parte líquida do sangue), que pode ser seguido de morte.
“Esse extravasamento acontece de forma abrupta e, se o paciente não for socorrido de forma imediata, em 24 horas, pode levar a óbito”, explica o professor em Medicina Tropical e Saúde Pública Benigno Rocha.
COMO ACONTECE A DENGUE HEMORRÁGICA?
No Brasil, há quatro soropositivos diferentes em circulação. Todos transmitidos a humanos a partir de picadas de mosquitos do tipo Aedes.
Após tratado, o paciente adquire imunidade contra aquele vírus contraído, mas fica suscetível aos demais. A reinfecção aumenta a chance de desenvolver formas mais graves da doença. Isso porque os anticorpos produzidos na “primeira dengue” podem facilitar a entrada do vírus na célula.
“As pessoas podem se infectar 4 vezes pela dengue. Pois se ela pegou o tipo de dengue 1, por exemplo, ela pode pegar de novo algum dos outros 3 tipos. Não é como sarampo, caxumba, rubéola, catapora que a pessoa só tem uma vez na vida. Por ter 4 tipos de vírus imunologicamente distintos, a imunidade a um deles não garante que as pessoas fiquem imunes aos outros 3 tipos. Então é por isso que as pessoas podem pegar dengue até 4 vezes na vida”, explicou o infectologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri. AratuOn
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